28 agosto 2006

deuses na rua

deuses que nas ruas são pardos
devem ser conhecidos por nomes mais antigos

lembro-me, recordo-me
milhas mnemônicas ao entardecer

poente, riso doente, quanta porcaria
lixo da cidade, grandes caminhões
que de noite rondam a meia noite
entopem o meio dia
assoviam surdos seus gases mecânicos
as rodas são maiores
que as crianças nas calçadas

percebo a cidade agora
pereço, pareço um doido, cidadão
e a cidade grande é tamanha
e as ruas curvas, os montes de banha
das montanhas no horizonte
e as populações de mendigos
vêm todos os dias até a janela
oferecer um espetáculo único
para o sujeito oculto que não fala
e sorri diante de tanta saudade acumulada.

Um comentário:

  1. um pouco de poesia boa é muito gostoso receber. como um banho gelado ou um rápido mergulho no mar. de vez em quando é ótimo. de vez em sempre seria melhor ainda.

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