Sic
10 dezembro 2012
23 outubro 2011
Check this out, Lady Glassworth
Meaning, considering the skill of imitating hellish beasts, the woman still beats men. But this is another subject. The man, I'm talking about the common man, assuming it exists, is possessed by hellish beasts mainly in traffic, when he drives.
Why would a peaceful citizen turn into an insane beast at the wheel of a shitty Corsa 1.0?
The answer has to do with the atavistic memory, even if the guy is a crying emo, a certain Mr. right or an east coast burocrat.
Imagine that, you’re in Europe, a thousand years ago, I guess, getting ready to play some popular sport of that time: that thing called jousting, competition among gentlemen.
You have a solid piece of wood, about
Maneuvering is a figure of speech. You can, at the most, point the giant stick against your opponent. Right, you have an opponent with a stick just like yours who will come towards you mounted on a horse.
You too have a horse, and you are hoisted and placed on top of it. You need to be hoisted because you can’t mount it on your own, since you are wearing a steel armor that weighs
Very well, you are now mounted on the horse. The saddle has a back, so you won't fall backwards. You need to be very well balanced on that thing, otherwise, if you lean too much towards either side, backwards or towards the front, you won’t be able to regain your original position.
Ok, they lead the horse, with you on top, and put you in a sort of corridor. On the opposite end of the corridor there is a man wearing an armor, mounting another horse, who, like you, can hardly move.
Then, someone gives a signal. You hardly have time to lower the visor on your helmet. Of course, you are wearing a steel helmet and it has a visor, which you lower to protect your eyes. It could be a sort of grail, or two peeping holes on a metal piece. Meaning, you can’t really see much ahead of you. You aim your spear, basing your aim on the original position of your opponent and, meanwhile, the horse has fled along the corridor (this type of horse loves doing that), furiously running towards the other horse, which comes puffing in just about the same furious manner.
The general idea of the thing is that you intend to unhorse, perforate, smash, brake in half your opponent, purely on impact. Even though you know that he has the same expectation towards you.
The both of you advance at about 25 miles per hour, each one, one against the other. The impact will happen at about
You still have time to think, on a last concoction of adrenaline and testosterone that, if you dodge this one, you will have sex with a reluctant Lady Glassworth, whether she wants it or not. And she’ll see, ah she will, what a real spear looks like.
An experience like this, I must say, is burned on someone’s brain forever, if you survive. You may die and, no doubt, you will die someday, but the genes will find a way of passing this experience on to your male offspring. Yours and Lady Glassworth’s. And it will be passed on one generation to the next, not without some fanciful loss in its essence.
And now you drive a car on the streets of a lowly, unscrupulous town. All right, you were home, at ease, dreaming of the naked playboy playgirls, watching the news, a soccer game, having lunch, savoring a nice plate of pasta with a cold beer and such. Then you have to get on your car and leave to go see about a prolem.
You put a single wheel on the street and a portion of your brain realizes that this fucking automobile is a mortal thing, man. Because it really is a mortal thing. Shit, there are millions of deaths every year due to traffic accidents all over the world.
Your brain and your genes, unlike you, are not fooled by the NGOs, with the killjoy gang, by the politically correct and the polished civility of the internet social networks.
Therefore: You are all cool and dany. But, in the street, you're ready to fight. Look it here Lady Glassworth, wait for me ‘cause I’m gonna survive, big mama.
26 novembro 2010
Não gosto de cães
17 outubro 2010
Óia só, Lady Glassworth
15 outubro 2010
Wandeir e seus problemas
Coisas usadas, vigas usadas de madeira e mesinhas de ferro usadas, tambores de plástico e grades de portão. Coisas pelas quais eu pagaria uma pequena fortuna nas boas casas do ramo e nas quais eu seria tratado como uma rameira velha na hora de pechinchar. Pago algo em torno de 40 reais por uma viga de madeira de 5 metros de comprimento e que pesa 150 quilos, no mínimo. Um pedaço de peroba pura, sei lá, escurecida pelo tempo e pela indiferença humana (não resisti à frase de efeito, sorry).
Essas árvores quase não existem mais e na Europa você pagaria uns 1000 euros por um pedaço de paraju muito menor. Essas madeiras estão em extinção e eu não me importo nem um pouco em ter um exemplar sustentando a quina do telhado da minha modesta varanda, perto de um lago muito calmo. O espírito da árvore original talvez se sinta mais confortável na minha varandinha que dá para uma mata, que não é nenhuma amazônia, mas é mato e tem lá seus curupiras e, quem sabe, seus elfos imigrantes.
Mas Wandeir é um problema brasileiro sem solução para mim. Wandeir, Wantuir, Josilene, Joiciene e Joiciane, Edirley e Edirlene, e Josimar e Jalmir e Wesleison. Eu simplesmente não consigo me lembrar dos seus nomes, saber quem é quem e qual a diferença que provavelmente existe entre eles. Mas dirigem caminhões, levantam muros e lavam roupas - aprendi com Ivailson a arte da mistura para o concreto de pisos, feito no olhômetro e, onde o engenheiro hesita, Ivailson concretiza logo. Menciono Gaudi enquanto o concreto se espalha lentamente pelo chão, mas nem Ivailson ou o engenheiro , que se chama Jesuino da Silva, parecem sequer entender o que eu disse. Me olham de outro planeta, esse que fica dentro das sombras de um Brasil; invisíveis os dois sob o manto da invisibilidade desses nomes surreais.
28 outubro 2009
Rebatendo (só um pouco) Vargas Llosa
On line, na revista Piauí, um belo e longo texto de Vargas Llosa em defesa da literatura dá o que pensar. Mas pensar sobre literatura é uma faca de vários legumes. Milhares de escritores, mesmo os considerados grandes escritores, fazem da literatura uma atividade simplesmente sombria. Não tenho mais a convicção de que a literatura seja a luz no fim do túnel, o túnel escuro da estupidez humana (sic). Nem que espalhe sequer algumas lâmpadas, mesmo que sejam essas lampadinhas vagabundas de natal, piscando com seus 25 watts de euforia natalina pelas paredes desse mesmo túnel. Em suma, não acredito mais que a literatura ilumine os desprovidos de luz ou de lanternas.
Frente ao irrefutável argumento de Vargas Llosa de que a literatura promove, protege e dinamiza a linguagem humana posso contrapor, como um advogado do diabo, o fato de que a literatura também é a indústria metafísica da angústia. A maioria dos autores citados carinhosa e saudosamente por Llosa - grandes autores de quem, aparentemente, é preciso ter saudades - são exímios tecelões de uma rede de nós cegos, iguais entre si pela qualidade comum de provocar angústia.
Não sentir essa angústia e continuar pulando alegremente de um inferno pro outro é algo que me faz duvidar da capacidade cognitiva de qualquer leitor - o que, por si só, contradiz a tese de que o exercício da leitura amplia a percepção geral do homem. A noção do abismo deveria ser natural mas uma enorme parte da literatura fomenta o salto suicida, sem para quedas. Por outro lado, perceber a angústia e gostar dela a ponto de usá-la como travesseiro é um negócio bizarro demais, pra não dizer doentio.
"O diabo na rua (leia-se: no mundo), no meio do redimunho (leia-se: literatura)", está rindo discretamente.